“O objetivo do Biobanco é garantir a economia sustentável da Amazônia, ao invés de promover o corte das árvores, e mostrar a riqueza da biodiversidade para as comunidades e nacionalmente, a Amazônia é mais que só ouro” diz Marcos Simplicio, professor da Poli-USP
Os professores Marcos Simplicio e Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, do Departamento de Engenharia da Computação da Escola Politécnica (Poli) da USP, junto a uma equipe de alunos, estão trabalhando no projeto Amazônia 4.0, que visa construir um Biobanco (um biorrepositório de armazenamento de amostras biológicas para uso da pesquisa) da Amazônia, com o objetivo de promover renda para as comunidades da região, por meio da preservação da floresta.
Eles estão trabalhando em toda estrutura técnica de um Biobanco, uma grande biblioteca digital com dados genéticos das espécies amazônicas. O projeto faz parte da parceria entre a USP e a Ripple, o que inclui o apoio financeiro.
A demanda pela criação desse Biobanco surgiu no início de 2020, em uma reunião dos coordenadores do projeto Amazônia 4.0, com a Poli, conta o professor Simplício. A ideia para construção de um Biobanco dessa magnitude é criar uma terceira via de exploração econômica da floresta, de forma tecnológica e sustentável, para extrair informações sobre a biodiversidade da região de modo a transformar toda essa riqueza em um instrumento de valor para comunidades ribeirinhas e povos tradicionais. Eles poderão utilizar esse Biobanco, em específico, para armazenamento de dados genéticos da floresta, das suas plantas e conhecimentos tradicionais das comunidades. A iniciativa é um ponto positvo que vai na contramão das formas de exploração da região que promovem a devastação tanto da floresta como de sua população.
“A engenharia entra, de forma prática, para construção de toda estrutura do Biobanco da Amazônia. Assim, trabalha para construção de um sistema sustentável em questões energéticas e com menos custos financeiros.
Como o Biobanco da Amazônia funcionará na prática?
O Biobanco funcionará como uma plataforma de armazenamento de dados genômicos: “a ideia é que se consiga armazenar DNA da flora e colocar nesse Biobanco. Desse modo, as pessoas da própria região, que fazem uso de plantas, poderiam colocar o DNA dentro desse armazenamento, detalha o docente da Poli . “Para que isso ocorra, as pessoas da região terão acesso a máquinas digitais, que serão doadas, juntamente com treinamento para o uso das mesmas”.
O registro dessas informações ficarão gravadas no Biobanco de tal forma que os dados sejam associados ao nome da pessoa que fez a introdução no Biobanco, garantindo a propriedade intelectual. “Então, a pessoa que contribui com esse Biobanco, teria uma ‘moeda virtual’ que agrega ao banco e que agrega a ela novamente, sendo um investimento. A engenharia em si, entra exatamente na construção desse sistema por meio de moedas virtuais e da garantia dos dados armazenados” explica o professor, sobre a geração de renda para comunidades locais e o papel da engenharia na iniciativa.
Acerca das contribuições da engenharia para um Biobanco com essa relevância, Simplicio destaca: “A engenharia entra, de forma prática, para construção de toda estrutura do Biobanco da Amazônia. Assim, trabalha para construção de um sistema sustentável em questões energéticas e com menos custos financeiros. No final, o papel da engenharia é gerar boas soluções por meio das estruturas e selecioná-las, e também criar soluções de qualidade por meio de estudos e pesquisas”. A construção do biobanco, em termos de dimensão, complexidade e volume de dados, será um desafio para os engenheiros.
Texto: Beatriz Carneiro (estagiária).
Revisão: Amanda Rabelo (jornalista) e Rosana Simone (analista de comunicação).
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